Após "gelo", Bebianno é recebido por Bolsonaro no Planalto
Após levar um "gelo" do presidente Jair Bolsonaro (PSL) desde que recebeu alta médica e voltou de São Paulo para Brasília, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno (PSL), foi recebido pelo chefe em audiência conjunta no Palácio do Planalto, segundo a assessoria de Bolsonaro no final da tarde de hoje.
Bebianno foi recebido por Bolsonaro em seu gabinete junto ao vice-presidente, general Hamilton Mourão (PRTB), e aos ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).
Jair Bolsonaro chegou a Brasília, cidade em que mora e trabalha, no início da tarde de quarta (13) após ser liberado do hospital Albert Einstein, onde passou por cirurgia de reversão da colostomia feita quando sofreu ataque a faca, em setembro do ano passado.
A crise envolvendo Bebianno e um dos filhos de Bolsonaro, vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), já estava vindo a público e se intensificou naquele dia após divulgação de vídeo por Carlos sugerindo que o ministro teria mentido quanto a conversas travadas com o presidente.
Desde então, apesar das expectativas de encontro entre Bolsonaro e Bebianno, eles não se reuniram. Bolsonaro recebeu ontem diversos ministros e aliados no Palácio da Alvorada, onde repousa, mas, até o momento, não havia aberto espaço na agenda para Bebianno. O ministro disse que, antes de qualquer decisão, iria conversar com o presidente.
Reportagem publicada pela Folha de S.Paulo revelou que o PSL deu R$ 400 mil do fundo eleitoral -- um dos maiores repasses do partido -- a uma candidata que teve apenas 274 votos.
Não há nenhum indicativo de que a candidatura de Bolsonaro tenha se beneficiado do esquema, mas Bebianno disse em entrevista à revista Crusoé que "o presidente está com medo de receber algum respingo".
"As contas da chapa do então candidato Jair Bolsonaro, que estavam sob minha responsabilidade, foram aprovadas e elogiadas pelos Ministros do TSE", diz a nota distribuída nesta noite por Bebianno, que foi coordenador da campanha de Bolsonaro.
Responsabilidade
Bebianno responsabilizou a Comissão Executiva Nacional e os diretórios estaduais do PSL pelos repasses do fundo partidário para candidatos.
A candidata pernambucana Maria de Lourdes Paixão teria recebido a terceira maior cota dentro do PSL do fundo público eleitoral.
Bebianno ainda teria liberado R$ 250 mil de verba pública para a campanha de uma ex-assessora, Érika Siqueira Santos. Parte do dinheiro foi repassada a uma gráfica registrada em endereço de fachada.
Após a publicação da reportagem, com o surgimento de rumores de que Bebianno seria demitido, o ministro tentou transmitir estabilidade e proximidade com o presidente.
"Não existe crise nenhuma. Só hoje, falei três vezes com o presidente", disse ao jornal O Globo.
Mas um dos filhos de Bolsonaro, Carlos, desmentiu o ministro e disse que o presidente não havia conversado com ele.
"Ontem estive 24h do dia ao lado do meu pai e afirmo: 'É uma mentira absoluta de Gustavo Bebbiano (sic) que ontem teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro para tratar do assunto citado pelo Globo e retransmitido pelo Antagonista'", escreveu Carlos em seu Twitter.
O vereador ainda publicou um áudio em que o presidente diz a Bebianno que "está complicado conversar". "Não vou falar, não vou falar com ninguém, somente o essencial", disse Bolsonaro. A divulgação da conversa deflagrou o momento mais crítico da crise, provocando até mesmo críticas de integrantes importantes do PSL, como a deputada federal Joice Hasselmann. O post foi retuitado pela conta do presidente Jair Bolsonaro.
Em entrevista à Record ontem, o presidente afirmou que, caso o secretário-geral da Presidência seja responsabilizado no caso das candidaturas laranjas do PSL, será demitido.
Bolsonaro ainda declarou que determinou ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que a PF (Polícia Federal) instaure inquérito para apurar as suspeitas contra as candidaturas do PSL.
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